O dia em que o Atlético venceu a Seleção

Em amistoso no Mineirão, Galo bateu a equipe formada por Pelé, Tostão e companhia

Thiago Madureira - Superesportes

Atlético venceu a Seleção Brasileira, no Mineirão, por 2 a 1; veja fotos da partida

Prestes a ser reaberto, o Estádio Mineirão viveu uma de suas noites mágicas em 3 de setembro de 1969. Em campo, para um amistoso, a Seleção Brasileira enfrentaria pela primeira e única vez um clube mineiro. 

Coube ao Atlético, de camisas vermelhas em alusão à Federação Mineira de Futebol (FMF), uma exigência da Confederação Brasileira de Desportes (CBD), a oportunidade de ser um dos adversários do escrete canarinho na preparação para a Copa do Mundo de 1970, no México. 

Na ocasião, as "Feras de Saldanha", como a Seleção era conhecida, vinham de ótimos resultados. Nas Eliminatórias para o Mundial, foram seis jogos e seis vitórias, com 23 gols marcados e apenas dois sofridos. O Atlético, por sua vez, também vivia bom momento técnico, com a formação da base campeã do Brasileiro de 1971.

Para muitos que assistiram e participaram, o jogo de caráter amistoso tornou-se um dos mais importantes da história do estádio. “Foi o dia em que o Galo ganhou da melhor seleção de todos os tempos”, resume o ex-atacante do Atlético Dario.

Um dos destaques da partida, Dario estava com espírito amistoso até ouvir uma gravação do técnico da Seleção Brasileira, João Saldanha, descartando sua presença nas convocações. “Um repórter me mostrou uma entrevista do Saldanha afirmando que no Brasil existiam outros 10 atacantes melhores do que eu. Comprei briga com ele na hora. Eu xinguei o Saldanha e disse que a Seleção estava invicta porque não havia enfrentado o Atlético com Mineirão lotado”, relembra.

Baideirão do Atlético no gramado

Com mais de 70 mil torcedores, o Mineirão viu Amauri Horta abrir o placar para o Galo aos 42 minutos do primeiro tempo. Na etapa final, Pelé empatou aos cinco minutos. Dario marcou o gol da vitória para o Atlético. Mesmo com equipe completa - com Gérson, Rivelino, Jairzinho, Tostão, entre outros -, o Brasil não conseguiu o empate.

“Acabei com a partida. Sabia que na minha casa não tinha seleção que ganhasse de mim. E olha que era a melhor seleção da história, talvez nunca tenha uma com essa qualidade”, observa o ex-atacante.

Dario considera essa como a mais significativa partida da sua carreira. “A vitória sobre a Seleção Brasileira, com todo respeito que tenho ao jogo do Maracanã que nos deu o título Brasileiro em 1971, é a mais valiosa porque me deu um status que eu não tinha”, destaca.

Após a vitória do Galo, o presidente Médici viria a público exaltar o bom momento do atacante do Atlético. Saldanha, que era comunista, rebateu dizendo que o presidente deveria se preocupar com os ministérios enquanto ele escalava a Seleção Brasileira. Pouco tempo depois, Saldanha seria demitido, e Zagallo assumiria o selecionado que se tornaria tricampeão mundial em 1970 com Dario no elenco.

ATLÉTICO 2 X 1 SELEÇÃO BRASILEIRA

Atlético: Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Normandes (Zé Horta) e Cincunegui (Vantuir); Oldair, Amauri Horta (Beto) e Laci; Vaginho, Dario e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich

Seleção Brasileira: Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo (Everaldo); Piazza, Gérson (Rivelino) e Pelé; Jairzinho, Tostão (Zé Maria) e Edu (Paulo César). Técnico: João Saldanha

Motivo: Amistoso
Estádio: Mineirão
Data: 3 de setembro de 1969
Árbitro: Amílcar Ferreira (RJ)
Público: 71.533
Gols: Amauri (42) e Dario (65) para o Atlético; Pelé (50) marcou para a Seleção Brasileira